O Colóquio: “O Impacto do Apuramento para o EHF EURO 2024 no Andebol Feminino em Portugal” realizou-se no passado domingo, na Maia, inserido na organização da Supertaça Ibérica Feminina.


“O Impacto do Apuramento para o EHF EURO 2024 no Andebol Feminino em Portugal” foi o tema central de um colóquio com formato de mesa redonda, organizado pela Federação de Andebol de Portugal (FAP), que partiu da comparação da participação da Seleção Nacional “A” Feminina no histórico apuramento para o Europeu de 2008, com a participação futura no Euro 2024.

A apresentação deste colóquio foi feita por Marco Santos (FAP), contou com a moderação de Vera Lopes, vice-Presidente da FAP e com as seguintes personalidades do Andebol Nacional:

  • Ana Seabra – Treinadora do Mecalia Atlético Guardés e ex-atleta e capitã da Seleção Nacional A Feminina na Fase Final do Europeu 2008;
  • Cristina Fernandes – Coordenadora do Clube Jovem Almeida Garrett;
  • José António Silva – Selecionador Nacional A Feminino;
  • Paula Marisa Castro – Treinadora do Colégio de Gaia Toyota e ex-selecionadora Nacional A Feminina na Fase Final do Europeu 2008.

O Andebol feminino esteve no centro desta ação, com o contributo de vários intervenientes de reconhecido nome e autoridade no Andebol nacional e feminino, mas que contou também com presença de vários treinadores de equipas portuguesas, especialmente da 1ª Divisão e com o Selecionador espanhol adjunto Jose Ignacio Prades.

A abrir este colóquio, Vera Lopes referiu que “Portugal no Euro Feminino de 2008 era a única equipa amadora”, entre as 16 seleções presentes”. A Professora Paula Marisa Castro, na altura responsável pela Seleção “A” Feminina, acrescentou que em 2008 “o apuramento da Seleção foi algo de fabuloso, numa seleção recheada de talentos”.

Falando do futuro próximo e do impacto da presença em novembro/dezembro da nossa Seleção no Womens´s EHF EURO 2024, o atual Selecionador Nacional “A” Feminino, o Professor José António Silva, referiu que o grande ganho quantificável do apuramento para a Fase Final do Euro será “ganhar tempo de trabalho”, pois terá mais estágios e considera que em termos sociais e de impacto, até com uma boa participação, isso não se refletirá em publicidade, nem noutros benefícios ou impactos; admitindo que é um pessimista, pelo facto de os feitos do Andebol e do Andebol feminino não terem visibilidade nos media.

Relativamente ao trabalho e resultados da Seleção que lidera, o Professor José António Silva referiu que, “a Seleção não consegue fazer nada sem os clubes” e defende mais tempo de trabalho da Seleção Feminina, nomeadamente para trabalhar as jovens talentos portuguesas. O nosso Selecionar referiu por diversas vezes os fatores chave como: tempo, trabalho e modelo de jogo; obviamente todos eles interligados e importantes para a “performance” e sucesso das seleções.

Ana Seabra, treinadora atualmente em Espanha, no M. A. Guardés referiu que, “a experiência das atletas  no estrangeiro quebra uma barreira psicológica” e considera que essas atletas passam a acreditar que é possível chegar a certos patamares competitivos. A treinadora portuguesa considera também que “há uma maior exigência e compromisso das atletas a atuarem no estrangeiro” e contrapondo com falta de competitividade do campeonato português; o que leva José António Silva e Paula Marisa Castro a defenderem uma redução de equipas do campeonato português, para que os clubes tenham mais jogos competitivos e com “bola quente”, como referiu o atual Selecionador Nacional Feminino, aludindo aos minutos finais e decisivos de jogos equilibrados e de alto nível técnico.

Na opinião dos vários oradores desta mesa redonda, o Andebol Feminino necessita de mais condições físicas, financeiras, visibilidade televisiva e nos media e profissionalismo. Foi referido que as atletas necessitam estar totalmente dedicadas ao Andebol e ao treino; que deve ser dado mais tempo de trabalho e competitividade às equipas de topo e às jovens talentos. Comparando Portugal e Espanha, a Ana Seabra explicou as diferenças entre os dois países em termos de: condições, Marketing, organização e tempo na televisão do Andebol, pois é reconhecido que o nosso vizinho está num patamar superior e apresenta um Andebol mais competitivo, com mais condições, mais profissional e mais exigência.

Complementando as dificuldades do Andebol em Portugal e em particular dos clubes femininos, mas dando ideias, apontando soluções e partilhando o caso do seu clube; Cristina Fernandes, Coordenadora do CJ Almeida Garrett colocou “o dedo na ferida” e identificou como problemas do desporto em Portugal, “a falta de apoios do desporto de base e da cultura desportiva. “Não há fundos para o desporto como para outras áreas, como a social e a da juventude e faltam principalmente apoios para o desporto feminino”. A responsável técnica pelo Almeida Garrett falou da “fórmula” do clube para fazer face às dificuldades e desafios e referiu qual a receita do sucesso de um clube que cresceu de 50 atletas para mais de 200 e colocou o clube na 1ª Divisão. Estratégia, gestão, profissionalização de algumas pessoas da estrutura do clube, projetos e apostar primeiro na formação dos treinadores e depois na formação de jovens atletas, ou seja, aposta nos escalões de formação.

José António Silva fez um desabafo, pertinente, que foi uma frase impactante nesta acção, que faz muitos atores da modalidade pensar e é uma posição de alguém que já passou por vários tipos de projetos no Andebol – “espero que se deixe de falar em treinadores de Andebol Feminino e treinadores de Andebol Masculino. A ideia é que se deve falar somente em treinadores de Andebol, pois as qualificações, responsabilidades e trabalho são os mesmos.

Para o futuro ficou o contributo dos quatro oradores, que apresentaram ideias para futuros colóquios e ações relativas ao Andebol Nacional. Numa espécie de resumo e de desafios à FAP e a Marco Santos ficaram as sugestões de se debaterem potencialmente os seguintes temas: Igualdade Técnica entre Jogadores e Jogadoras, Profissionalização dos Dirigentes do Andebol em Portugal, Diferença entre Dirigente e Seccionista, Formação Específica para Clubes e Profissionalização dos Clubes Femininos de Andebol. Todos estes temas são seguramente importantes e fatores críticos de sucesso do Andebol Nacional e obviamente do Andebol Feminino.

Ana Seabra    Cristina Fernandes  J. António Silva     Paula M. Castro       Vera Lopes

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